PT cria núcleos nos estados para aproximação com evangélicos
O PT está preocupado com a força dos evangélicos na política e com o amplo alinhamento desse segmento com o governo Bolsonaro. Diante dessa constatação, o comando nacional do partido está orientando os diretórios estaduais para criação de núcleos internos voltados especificamente para aproximação com os evangélicos. Segundo revelou a coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo, a diretriz tem a “assinatura” do próprio Lula, que tenta dar ao partido maior peso junto a um segmento que já foi próximo do PT em outros momentos.
Vale lembrar, o PT nasceu com forte amparo da igreja católica, na época em que a Teologia da Libertação e, assim, as Comunidades Eclesiais de Base tinham importante relevância na ação da igreja católica. Essa presença cresceu mas depois perdeu vigor, inclusive porque Lula foi atrás dos evangélicos. Em 2002, por exemplo, José Alencar foi escolhido vice pela ligação com o empresariado nacionalista e também por integrar o partido que, de fato, era o partido da Igreja Universal.
A Igreja Universal e seu braço partidário foram apoio ostensivo aos governos petistas até meses antes do impeachment, quando mudaram de lado. Seguiram em lados distintos nos anos seguintes, fazendo parte do governo Temer e depois apoiando Bolsonaro. Ao mesmo tempo os evangélicos foram mostrar força política e eleitoral a ponto de colocarem Marcelo Crivela na prefeitura do Rio – e Marcelo é nada menos que bispo da Universal.
O último Censo mostrou que os evangélicos representavam cerca de 22% dos brasileiros. Esse número deve estar hoje ao redor de um quarto da população. Não é pouca coisa. E o PT revolveu acordar para os crentes. De novo.
Partido precisa recuperar espaço
O percentual de evangélicos no Brasil não é nada desprezível. E o PT sabe disso olhando para as próprias votações que alcançou no primeiro turno das eleições presidenciais: esse um quarto de brasileiros que forma o mundo evangélico é quase a votação que Fernando Haddad teve no primeiro turno de 2018, que foi por sua vez o terceiro pior desempenho do partido desde 1989. Haddad alcançou 29,28% dos votos válidos, ficando à frente apenas das votações alcançadas por Lula em 1989 e 1994.
Os votos no primeiro turno são considerados os votos próprios, já que no segundo muitos eleitores votam por exclusão e fazem opção que não são as suas de fato. E a votação petista para presidência chegou ao ápice em 2006 (48,61%, no primeiro turno). Depois disso vem caindo. Daí a estratégia de reforçar a relação com a cidadania, e um bom caminho é a aproximação com segmentos que costumam ter coesão. Poucos têm tanta como os evangélicos.
CV