PT lança curso para tentar se aproximar dos evangélicos

Diante do avanço da presença evangélica no Brasil, Lula e Rafael Fonteles reconhecem dificuldades políticas com o segmento religioso
O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou recentemente um curso voltado à aproximação com o segmento evangélico. A medida reflete a preocupação interna do partido com o crescente distanciamento desse público, algo que tem representado um desafio nas estratégias políticas tanto do presidente Lula quanto do governador do Piauí, Rafael Fonteles.
Ambos reconhecem que, sem diálogo com a comunidade evangélica, é difícil avançar politicamente em várias regiões do país — especialmente no Norte e Nordeste, onde os evangélicos têm ganhado força tanto em número quanto em influência social e política. Dados recentes do IBGE apontam que o Brasil caminha para se tornar, nos próximos anos, uma nação majoritariamente evangélica.
No entanto, líderes evangélicos afirmam que o distanciamento entre o PT e o segmento tende a se aprofundar, mesmo com essas tentativas de reaproximação. O motivo central, segundo eles, está nas pautas ideológicas abraçadas pelo partido, que colidem com princípios e valores cristãos considerados fundamentais por grande parte das igrejas.
Temas como a ideologia de gênero, a flexibilização do conceito de família tradicional e a legalização de drogas e do aborto, constantemente discutidos em setores da esquerda, criam um abismo entre o PT e os evangélicos. “O partido se afastou da base cristã que forma a espinha dorsal de grande parte da sociedade brasileira”, afirmou um pastor e líder comunitário ouvido pela reportagem.
Apesar das iniciativas, como o curso recém-lançado, muitos líderes continuam céticos quanto à real disposição do PT em rever posições que ferem diretamente os princípios defendidos por suas comunidades. A leitura predominante é de que a reaproximação exigiria não apenas diálogo, mas uma mudança real de valores e condutas no plano político.
Com o crescimento constante das igrejas e da bancada evangélica em todas as esferas do poder, o desafio do PT não é apenas reconquistar votos, mas reconstruir uma ponte que, para muitos, foi destruída por décadas de desalinhamento ideológico.